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Neurocirurgiã fala sobre sintomas, tratamento e futuro da Doença de Parkinson
A Doença de Parkinson é um distúrbio neurológico que compromete a capacidade motora e afeta mais de 250 mil pessoas no Brasil, segundo estimativas do Ministério da Saúde.
Caracterizada por tremores, rigidez muscular e lentidão dos movimentos, a enfermidade progride de forma gradual e pode comprometer a autonomia do paciente ao longo dos anos.
Os sintomas mais comuns incluem tremor em repouso, rigidez, bradicinesia (lentidão para iniciar e executar movimentos) e instabilidade postural.
Alterações não motoras também fazem parte do quadro, como distúrbios do sono, depressão, fadiga e dificuldade de memória.
Essa combinação impacta não apenas a saúde física, mas também a vida social e emocional.
Causas e fatores de risco da Doença de Parkinson
Em 3% a 5% dos casos, a origem é genética, relacionada a mutações específicas.
Na maioria das situações, porém, o risco é influenciado por fatores ambientais e familiares.
Ter um parente com Parkinson ou apresentar sintomas como constipação crônica aumenta a chance de desenvolver a doença, segundo estudos publicados na revista Lancet Neurology.
O ponto central está na degeneração progressiva de neurônios produtores de dopamina, neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos.
A perda dessas células compromete a comunicação entre as regiões cerebrais responsáveis pela coordenação motora.
Diagnóstico da Doença de Parkinson: um desafio precoce
O diagnóstico é clínico, baseado na observação dos sinais apresentados pelo paciente e no histórico médico. Testes de imagem, como tomografia e ressonância, auxiliam em casos de apresentação atípica.
A Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS, na sigla em inglês) é a ferramenta mais utilizada para medir a evolução dos sintomas.
Um grande desafio está na detecção precoce.
Muitos pacientes convivem com sinais iniciais, como perda do olfato ou distúrbios do sono, sem relacioná-los à doença.
Reconhecer esses sintomas prodrômicos pode se tornar essencial no futuro, quando surgirem tratamentos capazes de modificar a progressão da enfermidade.
Tratamento: medicamentos, cirurgias e terapias complementares
O tratamento é individualizado. A terapia inicial costuma ser medicamentosa, com uso de levodopa em associação a outros fármacos que aumentam a disponibilidade de dopamina.
O objetivo é controlar os sintomas motores e melhorar a funcionalidade.
À medida que a doença progride, o efeito dos medicamentos pode diminuir, exigindo ajustes de dose ou combinações terapêuticas.
Em casos de resposta limitada, a estimulação cerebral profunda (DBS, na sigla em inglês) surge como alternativa.
Essa técnica consiste em implantar eletrodos em áreas específicas do cérebro para regular a atividade elétrica e reduzir sintomas como tremores e rigidez.
Além disso, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional são fundamentais para manter a qualidade de vida.
O suporte psicológico e os grupos de apoio também ajudam pacientes e familiares a lidar com os desafios diários.
Doença de Parkinson: desafios e perspectivas
Embora a Doença de Parkinson não tenha cura, os avanços em neurocirurgia funcional e nas terapias integradas ampliam as possibilidades de tratamento.
A tendência é que novas estratégias, baseadas em genética e biotecnologia, ofereçam opções de intervenção capazes de modificar o curso da doença.
Enquanto esses recursos não se tornam realidade, o cuidado contínuo e o acesso a equipes multidisciplinares permanecem como aliados fundamentais.
O diagnóstico precoce e o tratamento personalizado são peças-chave para preservar a autonomia e reduzir o impacto da doença no cotidiano.
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Ingra Souza é neurocirurgiã, com atuação em cirurgias de crânio, coluna e dor. É coautora do estudo Therapeutic anticoagulation for venous thromboembolism after recent brain surgery (Clin Neurol Neurosurg, 2020). Membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), atende no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.